26/06/2025 às 20h12
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Redacao
Vila Velha / ES
Como parte da programação dos 190 anos da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), a professora e doutora em História Kátia Sausen da Motta ministrou palestra sobre a ampliação do direito de voto e o início das campanhas eleitorais na primeira metade do século XIX.
Com o título “Aos patrícios e concidadãos: eleições e disputa política na Província do Espírito Santo”, a palestra teve a presença de estudantes, servidores da Ales e historiadores. A historiadora disse que, entre os anos de 1824 e 1882, em pleno Brasil Império, o direito de voto foi estendido à grande parte dos homens livres e que a maioria dos votantes era alfabetizada, contrariando a visão tradicional da historiografia.
Eram votantes os homens livres e libertos com idade mínima de 25 anos e renda mínima de 100 mil réis. Mesmo sem recursos de televisão e internet, as campanhas, segundo a professora, eram competitivas e havia disputa real pelo voto, por meio de convencimento político e não apenas coação, conhecida como voto de cabresto.
“Na minha tese de doutorado, eu trabalhei com um período amplo, de 1840 até 1880, em que eu pude perceber que a maioria das eleições tinha 60% ou mais de participação, ou seja, o índice de infrequência não era muito grande. Poucas eram as eleições em que a ausência se mostrava muito relevante. Então, pensando isso de forma comparativa, inclusive com outros países como França, Estados Unidos, a gente tem um número elevado e importante de mobilização política aqui na Província do Espírito Santo”, explicou.
A pesquisadora atribui essa presença forte dos eleitores nas urnas às mobilizações dos candidatos e também ao fato de que as eleições eram novidade na época.
“A própria organização eleitoral foi pensada no sentido de mobilizar as pessoas a participarem das eleições. A votação ocorria nas igrejas, aos domingos e logo após as missas e podia demorar um, dois ou três dias, de acordo com o número de votantes, mas a maioria votava já no primeiro dia. Então esses ritos vinculados à igreja e à religiosidade católica contribuíram também para a grande participação nas urnas”, contou.
Fotos da palestra
Ciclo de palestras
As celebrações dos 190 anos da Ales tiveram início no ano passado e ainda há vários eventos planejados para 2025, com abordagem histórica, cultural e de diálogo com a sociedade. O Ciclo de Palestras de 2025, promovido pelo Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo (IHGES) é uma dessas ações.
“Nós temos trazido a público as descobertas que temos feito aqui nos arquivos da Assembleia”, disse a coordenadora do projeto, Adriana Campos. A professora da Ufes adiantou os temas da próxima palestra: a descoberta de dois ex-deputados que atuavam no período do Brasil Império.
“Esses homens eram médicos, ao contrário de toda uma imagem que a gente faz do homem negro. Eles eram abolicionistas (…) ambos da elite econômica, política e intelectual (…). Então, é um espetáculo a gente achar esse tipo de personagem aqui na Assembleia e isso tudo é fruto desse estudo de 190 anos. São coisas que o Arquivo joga sobre a gente, na medida em que você permite organizar os papéis e documentos. Isso aqui é um arquivo muito vivo”, afirmou a doutora em História.
A palestrante
A professora Kátia Sausen da Motta é doutora em História pela Universidade Federal do Espírito Santo, com estágio de pesquisa na Université Paris-Est (Upem), na França. Atualmente, desenvolve pesquisa de pós-doutorado, com bolsa do CNPq, e integra o Laboratório de História, Poder e Linguagens da Ufes. Também participa do grupo de pesquisa Opinio Doctorum e da Sociedade Brasileira de Estudos do Oitocentos (SEO).
FONTE: Portal Assembleia Legislativa - ES
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