09/12/2025 às 14h36 - atualizada em 10/12/2025 às 18h32
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Redacao
Vila Velha / ES
A cada 24 horas, cerca de 100 crianças sofrem violência sexual no Brasil, e mais da metade das vítimas tem até 5 anos de idade. Os dados do Instituto Liberta dão conta de que os crimes acontecem, na maioria das vezes, dentro de casa e atingem principalmente crianças negras. Nesse contexto alarmante, a Assembleia Legislativa promoveu, nesta terça-feira (9), uma reunião para debater a violência contra profissionais que atuam na defesa da infância e que sofrem ameaças por denunciar abusos, a partir do caso da psicóloga Sara Lopes da Silva Fiorotti, em Barra de São Francisco.
Fotos da reunião
Em seu depoimento, Sara relatou que foi vítima de um atentado enquanto se deslocava para o trabalho e que também percebeu movimentações suspeitas dias depois. Para ela, as ameaças vão além do ataque pessoal.
“Quando um profissional é ameaçado, é a voz de uma criança que está tentando ser calada. O atentado que sofri não foi contra mim, foi para silenciar uma denúncia”, afirmou. A psicóloga reforçou que não vai recuar. “Eu não vou me calar, não vou deixar de fazer o meu trabalho. Mas eu pergunto ao Estado: que segurança vocês podem nos dar?”, cobrou.
A delegada adjunta da 14ª Delegacia Regional de Barra de São Francisco, Jéssica de Souza Bohrer, explicou que a Polícia Civil atua de forma integrada com outros órgãos da rede de proteção. “O Conselho Tutelar recebe diariamente denúncias vindas da escola ou do próprio lar, e nós trabalhamos a partir dessas informações”, disse.
Sobre o caso da psicóloga, ela garantiu rigor na apuração. “Estamos tratando com toda a sensibilidade e seriedade para que esses profissionais não se sintam desestimulados. Nós precisamos de pessoas com coragem para denunciar e defender as nossas crianças”, afirmou. Jéssica também destacou a necessidade de protocolos de proteção. “A partir da integração de diversos setores, é possível criar mecanismos para ajudar nesse sentido”, completou.
O desembargador do Tribunal de Justiça do Espírito Santo Raphael Americano Câmara reforçou que o enfrentamento à violência sexual exige coragem e participação de toda a sociedade. “É uma realidade muito dura e você lida, muitas vezes, com criminosos preparados e articulados”, afirmou.
Ele destacou o papel do Judiciário na estruturação do sistema de proteção. “O Tribunal de Justiça tem dedicado muito tempo e muito trabalho na defesa da criança e do adolescente, seja com programas, salas de escuta, debates ou efetivação de políticas públicas”, disse. Para ele, o tema também precisa ser tratado dentro das famílias. “É um tabu que precisa ser quebrado”, pontuou.
O deputado Alcântaro Filho (Republicanos) alertou para o risco de desmobilização dos profissionais diante das ameaças. “Quando o Estado não garante a segurança nem a punição de quem ameaça, você está estimulando o agressor e desestimulando quem está na linha de frente”, afirmou.
Segundo ele, a partir do caso da psicóloga, a comissão passou a discutir a criação de um plano estadual de segurança para a rede de proteção. “Nossa grande missão agora é construir um plano para proteger psicólogos, conselheiros tutelares, professores, diretores e todos que atuam na defesa das nossas crianças”, disse.
Entre as medidas que poderão ser debatidas estão o reforço da segurança nos locais de trabalho, a criação de mecanismos de alerta, como botões de pânico, e até a presença de segurança armada em alguns casos. “Não é uma solução única, é um conjunto de ações que precisam compor um plano de segurança eficaz”, destacou o parlamentar.
Mesmo diante das ameaças, a psicóloga reafirmou que seguirá atuando. “A esperança não está em mim, está numa criança que ainda vai nascer e numa criança que, agora, está sofrendo um abuso e nem sabe o que é isso”, afirmou. “Nós somos a voz dessas crianças e não podemos ser parados”, concluiu.
FONTE: Assembleia Legislativa - ES
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