30/10/2025 às 21h31
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Redacao
Vila Velha / ES
O Governo do Estado nem sequer cogita a ideia de “fechar divisas” com o Rio de Janeiro, por um motivo simples: segundo o vice-governador Ricardo Ferraço (MDB), não há a menor necessidade disso. Coordenador do Programa Estado Presente desde julho, o vice-governador detalhou as medidas incluídas no Plano de Contingência anunciado pelo Governo do Estado nesta quinta-feira (30), após a megaoperação policial realizada na cidade do Rio de Janeiro, com mais de 120 mortos. “Sem cogitação. Não há nenhuma hipótese de fechamento de divisas, até porque não há necessidade”, refutou Ricardo. Para ele, “essa especulação não tem pé nem cabeça”.
“Quem lidera e governa precisa ter consciência da sua responsabilidade e, muito mais do que produzir pânico, tem que produzir segurança para as pessoas e suas famílias”, completou Ricardo.
“Desde que houve a operação no Rio, nós intensificamos o trabalho de inteligência. E o trabalho de inteligência nos leva a afirmar que não há qualquer informação, qualquer evidência de migração de criminoso para o estado do Espírito Santo.”
O governo tampouco planeja deslocar policiais para reforçar o policiamento nos limites com o estado vizinho, pela mesma razão: as informações reunidas pelo serviço de inteligência da Secretaria de Segurança Pública (Sesp) não indica a necessidade da medida. O que o governo fará e reforçar o monitoramento das principais entradas e saídas do território capixaba, por meio do sistema de câmeras de vigilância (Cerco Inteligente).
“Os movimentos dos criminosos do Rio estão sendo acompanhados pelos serviços de informação do Rio. E nós estamos sendo informados de hora em hora. Não há evidência. Não há como você deslocar um contingente da Polícia Militar da Grande Vitória para fazer essa proteção. Isso é ineficiente. Isso trabalha e depõe contra a estratégia de policiamento e monitoramento efetivo”, afirmou Ricardo.
Mais cedo, sob anonimato, um secretário de Estado disse o mesmo à nossa coluna: o Palácio Anchieta não cogita reforçar o policiamento nos limites com Rio, muito menos “fechar as entradas”. Só o fará se surgir alguma situação mais concreta que de fato exija um reforço na atuação policial – o que não é o caso, no momento. “Não faz sentido”, disse o membro do alto escalão.
A ideia de “fechamento das divisas” foi defendida com veemência, por exemplo, pelo presidente da Assembleia Legislativa (Ales), Marcelo Santos (União), aliado do governo Casagrande e de Ricardo Ferraço. Em pronunciamento solene na sessão plenária da Assembleia na quarta-feira (29), o presidente da Casa afirmou:
“Se a Polícia se render, o crime fica com mais poder de fogo. Se a Polícia se acovardar, as facções vão agir. E podemos esperar: eles vão vir para cá, como muitos já estão por aí, entre nós. Temos que nos preparar para fechar as divisas”.
Voltando a Ricardo Ferraço, o vice-governador afirmou que, a bem da verdade, não há nenhuma evidência real de deslocamento ou fuga de criminosos do Rio de Janeiro para o Espírito Santo, a partir da Operação Contenção, contra o Comando Vermelho, nos complexos da Penha e do Alemão.
Nos últimos anos, o mais próximo que o Governo do Espírito Santo chegou de um “fechamento das divisas” foram barreiras sanitárias instaladas nas principais entradas e saídas viárias do Estado, ao sul (RJ), ao norte (BA) e a oeste (MG), no auge da pandemia do novo coronavírus.
Segundo Ricardo, as ações do Plano de Contingência acionado nesta quinta-feira consistem principalmente em intensificar o monitoramento da situação pela rede de inteligência das forças estaduais de segurança, em permanente contato e contínua troca de informações com as forças policiais do Rio e instituições como a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal.
O vice-governador afirmou que não só o risco real de fuga de criminosos do Rio para o Espírito Santo é mínimo como, na verdade, tem-se dado justamente o contrário nos últimos tempos: um “movimento migratório”, para o estado vizinho, de criminosos até então instalados em território capixaba. “Tanto que, na operação no Rio, alguns criminosos capixabas foram alcançados e abatidos no confronto entre a polícia e traficantes.”
De acordo com Ricardo, o risco de fuga (ou retorno) de bandidos para o Espírito Santo é ainda menor pelo fato de que a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal já estão fazendo “sistemas de contenção” (barreiras viárias) nos limites entre a capital fluminense e cidades vizinhas, como aquelas da Baixada Fluminense, com base no mesmo receio – no caso, muito mais fundado – de que integrantes do Comando Vermelho possam fugir e se instalar nesses territórios.
“Também as cidades que fazem divisa com a cidade do Rio de Janeiro estão preocupadas. Antes de os criminosos chegarem ao Espírito Santo, é muito mais simples encontrar conforto e abrigo nas cidades que compõem o Grande Rio e em cidades do interior do Rio de Janeiro.
O mercado do Comando Vermelho, do tráfico de drogas, do ‘gatonet’, todo esse mercado é no Rio de Janeiro. Eles não têm mercado aqui. Não vão abandonar o mercado deles para migrarem para este mercado onde não têm qualquer domínio. Então repito: não há nenhuma evidência dessa migração.”
Ainda assim, conclui o vice-governador, o governo está redobrando a atenção e a vigilância, principalmente por meio da intensificação do trabalho preventivo de inteligência.
“Mesmo não havendo evidência, é nossa obrigação e é nossa responsabilidade mobilizar o núcleo estratégico do Programa Estado Presente para que estejamos atentos a qualquer movimentação. Pode haver alguma movimentação? Pode. Mas será algo muito pontual. Mas uma coisa pontual não gera qualquer anomalia em nossa estratégia de segurança pública.”
Instado a avaliar a Operação Contenção, Ricardo evitou dizer se considera ou não adequada a resposta escolhida pelo Governo do Rio de Janeiro. “É muito difícil, a distância, sem as informações precisas, você fazer uma avaliação do grau de acerto ou mesmo da estratégia que foi planejada. Preciso esperar um pouco.
“A polícia foi recebida a tiro. E reagiu.”
Sobre o saldo da informação, que produziu imagens muito fortes – incluindo filas de corpos estendidos por moradores no chão de uma praça do Complexo da Penha, o vice-governador ponderou que os policiais foram recebidos a tiros e, portanto, precisaram reagir.
“As imagens são fortes, mas a impressão que eu tenho a distância é que foi uma operação de saturação e a polícia foi recebida a tiro. E reagiu. Mas foi de uma dimensão completamente fora de tudo aquilo que se poderia imaginar.
Tanto que jamais houve uma operação com esse volume de letalidade no Rio ou em qualquer outra cidade no Brasil. Nós também, eventualmente, vivemos esse confronto aqui. Quando nossas polícias fazem uma operação e são recebidas a tiro, elas precisam se defender. E esse conflito no Rio tem isso como base.
FONTE: ES 360
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