Quinta, 28 de março de 2024
Geral

05/04/2020 às 22h19

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Redacao

Vila Velha / ES

Família de morto com Covid-19 no ES reclama da falta de assistência e Sesa diz que hospital omitiu informação
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, hospital particular que atendeu a vítima omitiu a notificação do caso à prefeitura, que é responsável por monitorar pacientes.
Família de morto com Covid-19 no ES reclama da falta de assistência e Sesa diz que hospital omitiu informação
Segundo a família, apesar de estar acima do peso, Idílio não tinha problemas de saúde — Foto: Arquivo Pessoal

Familiares do sargento da Marinha Idílio Leite Magevski, de 40 anos, que morreu de Covid-19 no Espírito Santo, reclamam da falta de assistência por parte dos órgãos de saúde. Segundo um irmão da vítima, pessoas que tiveram contato com Idílio não passaram por exames e nem estão sendo monitoradas. A Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) disse que isso aconteceu porque o hospital particular que atendeu o sargento omitiu a notificação do caso à autoridade municipal de vigilância, que é responsável por monitorar os pacientes.


Até esta sexta-feira (3), o Espírito Santo confirmou a morte de cinco pessoas por Covid-19, entre elas, a de Idílio. Ele trabalhava em Sorocaba, em São Paulo, mas tinha sido transferido para o Rio de Janeiro e viajou a Vila Velha para visitar familiares.


O irmão, Célio Leite, contou que Idílio chegou com tosse, mas achou que pudesse ser um sintoma alérgico. Na segunda-feira (30), ele procurou o hospital um hospital particular de Vila Velha, porque também estava com febre, mas foi orientado a voltar pra casa.


“Mandaram ele de volta para casa apenas com dipirona, que é um remédio para febre e anti inflamatório”, disse Célio.


No outro dia, ele continuou com febre e retornou para a unidade, onde ficou internado. A família, entretanto decidiu transferir o paciente para um hospital particular na Serra.


Idílio morreu horas depois de ser transferido. Célio contou que, apesar de o irmão estar acima do peso, ele não tinha problemas de saúde e fazia exames na Marinha periodicamente.


“O meu irmão era militar, fazia exame periodicamente, ele só estava um pouco acima do peso”, disse.


A preocupação, agora, é com os familiares. “Até agora, não veio ninguém da Secretaria Estadual de Saúde, Vigilância Sanitária não apareceu. Ficaram de ligar para a sogra do meu irmão e não ligaram. Ninguém fez teste nenhum”, contou.


Procurada, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), disse que Idílio foi atendido em um hospital particular e que a notificação do caso é obrigatória a todas as entidades, públicas ou privadas.


O monitoramento dos casos confirmados compete à Vigilância em Saúde Municipal. No entanto, o hospital omitiu a notificação do caso a autoridade municipal de vigilância, segundo a Sesa.


A Secretaria da Saúde ressalta que a omissão de notificação de doença de notificação compulsória é crime passível de pena de detenção, de seis meses a dois anos, e multa conforme prevê o Código Penal Art. 269. O G1 tenta contato com o hospital.


‘Dor na alma’


Célio disse que o luto pela morte do irmão tem sido um momento extremamente difícil para toda a família. “A família está desestruturada, até difícil falar. Eu estou tentando ser forte em nome deles. Chega um momento em que eu também desabo, saio para chorar na rua”, disse.


Abalado, ele fez um apelo. “Quantas pessoas vão precisar morrer para fazerem alguma coisa? Não brinquem com esse tipo de coisa, o vírus é sério, é grave. Não temos suporte para reverter um quadro grave, como foi o do meu irmão. Perder um ente querido é dolorido demais, é uma dor na alma”, lamentou.

FONTE: G1 /https://g1.globo.com/es/espirito-santo/noticia/2020/04/04/familia-de-morto-com-covid-19-no-es-reclama-da-falta-de-assistencia-e-sesa-diz-que-hospital-omitiu-informacao.ghtml

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