02/08/2024 às 19h14 - atualizada em 02/08/2024 às 19h19
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Redacao
Vila Velha / ES
No começo do ano, com uma rapidez impressionante, Marcelo Santos começou a erguer, na política partidária capixaba, um castelo de cartas cujo limite parecia ser o céu. Em janeiro, num intervalo muito curto, o presidente da Assembleia Legislativa assumiu, por intermédio de aliados, o controle de duas siglas de pequeno porte no Espírito Santo, articulando-se diretamente com os respectivos dirigentes nacionais.
No Solidariedade, uma Comissão Estadual Provisória passou a ser presidida no Espírito Santo por Cleveland Fraga Venancio, o Clevinho, subdiretor de Segurança Legislativa da Assembleia e auxiliar direto de Marcelo. No Partido Renovação Democrática (PRD), uma Comissão Estadual Provisória foi colocada nas mãos de Joelma Costalonga, secretária da Casa dos Municípios da Assembleia e também colaboradora do presidente do Legislativo Estadual.
Nos meses seguintes, sempre em ligação direta com caciques nacionais, Marcelo intensificou articulações visando não somente se filiar ao União Brasil como, de preferência, já chegar assumindo pessoalmente a presidência da sigla no Espírito Santo.
Detalhe importantíssimo: até então, Marcelo na verdade estava filiado a um quarto partido neste enredo, o Podemos.
No começo de julho, poucos dias após conseguir do TRE-ES a autorização legal para trocar de sigla sem perder o mandato, Marcelo filiou-se de fato ao União Brasil, esta, sim, uma sigla de grande porte. De imediato, a parte do plano que passava por assumir a presidência estadual não deu certo, ou, pelo menos, teve de ser adiada. A cúpula nacional do União manteve o partido no Estado sob a presidência de Felipe Rigoni.
Daí em diante, o castelo de cartas montado por Marcelo começou a se desfazer. O primeiro desmoronamento veio no flanco do Solidariedade. Insatisfeita com a condução de Marcelo e com sua filiação ao União, Paulinho da Força e companhia tiraram o partido das mãos dele no Espírito Santo, destituindo Clevinho e a Comissão Provisória nomeada em janeiro. No seu lugar, nomearam um interventor no Espírito Santo, o secretário-geral do Solidariedade no país, Luiz Antônio Adriano da Silva.
Uma fonte graduada do Solidariedade confirmou à coluna, na ocasião, que o motivo da intervenção foi Marcelo: “Por querer cuidar de mutos partidos e não cuidar de nenhum”.
Agora, ruiu o lado do castelo onde estava o PRD. Também por decisão nacional, o presidente da Assembleia acaba de perder o controle da sigla no Estado.
O PRD é o partido resultante da fusão entre duas pequenas siglas de direita, o Patriota e o PTB, que não superaram a cláusula de barreira nas eleições para a Câmara dos Deputados em 2022.
A direção nacional da legenda fez o mesmo que fez a do Solidariedade: desconstituiu aquele órgão estadual provisório criado em janeiro, sob a presidência de Joelma Costalonga, aliada de Marcelo.
Na página do TSE, esse órgão estadual agora consta como “inativado por decisão do partido”, desde a última quinta-feira (1º). Em seu lugar, ainda não consta nada.
A coluna apurou porém que, por decisão nacional, o PRD no Espírito Santo irá para as mãos de um personagem que, inusitadamente, volta à cena na política capixaba: o empresário Bruno Lourenço. Em 2022, como presidente estadual do PTB (uma das siglas que originaram o PRD), ele foi o candidato a vice-governador do ex-deputado federal Carlos Manato (PL), na chapa bolsonarista derrotada pelo governador Renato Casagrande (PSB).
Embora manifeste respeito e admiração por Marcelo, Bruno não se considera membro do seu grupo político (e não é mesmo):
“Sou neutro nisso. O que tenho pelo presidente da Assembleia é respeito e admiração. Acredito que os projetos dele são enormes… ele pode ser deputado federal, senador ou até governador, tamanha influência e conhecimento político. Acho que por isso ele buscou o União Brasil. Na política devemos conversar sempre… e, sempre que ele quiser, irei conversar e quem sabe me tornar um aliado”.
FONTE: ES 360
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