Terça, 17 de junho de 2025
Geral

06/06/2023 às 13h54

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Redacao

Vila Velha / ES

Cesan estuda megaobra para lançar esgoto tratado da Serra no mar
Negativa de órgão ambiental para despejar efluentes em rios e lagoas no município obriga Cesan e Ambiental Serra a considerar modelo alternativo
Cesan estuda megaobra para lançar esgoto tratado da Serra no mar
Emissário submarino é estudado como solução para esgoto na Serra. (Arte/Geraldo Neto)

Um impasse a respeito do sistema de tratamento de esgoto da Serra levou órgãos ambientais e a Cesan a considerar uma solução alternativa: a construção de um emissário submarino, que é uma tubulação para transportar o esgoto tratado da cidade para o mar.




O método, que existe em vários outros locais da costa brasileira, inclusive no Espírito Santo, é estudado atualmente para substituir as 21 estações de tratamento de esgoto (ETE) da Serra. Segundo a Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), não há rio, lagoa ou córrego no município com capacidade suficiente de diluição para receber os efluentes (esgoto tratado que sai da estação). Por isso, é considerada a possibilidade de jogar esses dejetos no mar.




A nova solução é bem diferente daquela prevista no Plano Municipal de Saneamento da Serra, feito em 2013, e até no contrato de parceria público-privada entre a Cesan e a Ambiental Serra, de 2015. Ambos os documentos exigiam que as atuais 21 estações de tratamento fossem reduzidas para oito. Isso implicaria desativar algumas delas e reestruturar outras para que pudessem receber mais esgoto.  






MIL LITROS POR SEGUNDO

é o volume de esgoto gerado na Serra atualmente





Segundo o contrato, essa conversão de 21 para oito ETEs deveria acontecer até o 11º ano do contrato de concessão, que termina no fim de 2024. No entanto, ao procurar a Agerh para buscar os documentos de outorga para essas novas estações, a Cesan recebeu resposta negativa.

"Recentemente, em janeiro de 2023, o órgão ambiental (Agerh) disse que não tem corpo hídrico no município com capacidade de receber essa vazão de esgoto, não tem capacidade de depuração, e sugeriu que, em vez de fazer o lançamento (nos corpos hídricos), poderia ser estudado o emissário submarino", afirma o gerente de parcerias público-privadas da Cesan, Dougas Couzi.

A impossibilidade de atuar com apenas oito estações apresentada pelo órgão ambiental, ainda segundo Couzi, é por conta do alto volume de esgoto produzido na cidade, que passa de mil litros por segundo.

Em nota, a Agerh confirmou para A Gazeta a baixa capacidade de diluição dos corpos d'água da região e disse que sugeriu o emissário submarino como alternativa "por ser uma forma eficaz de adequar tecnicamente a disposição final dos efluentes das estações", mas que outras propostas de solução podem ser apresentadas.

"Voltamos para a mesa de negociação com a concessionária e vamos ter que estudar o emissário submarino. Tivemos reunião com Ministério Público da Serra, que já tem ciência dessa possível solução técnica e estamos avaliando o custo extra e o reflexo no contrato, tanto da PPP quanto o contrato de programa (entre a Cesan e a Prefeitura da Serra)", aponta o gerente da Cesan.



Como vai funcionar




Couzi esclarece que os detalhes de como exatamente vai funcionar esse emissário submarino somente serão definidos depois que for concluído o estudo. Porém, em linhas gerais, explica que ele consiste em um sistema de estações de bombeamento que levarão o esgoto da cidade até uma estação em Jacaraípe, onde ele seria tratado e levado, então, por uma tubulação até o fundo do mar.


"Implanta-se uma estação elevatória, de bombeamento, em vez de estação de tratamento, e transporta-se o esgoto da cidade inteira através de um emissário ou linha de recalque. Em seguida, tudo seria mandado para Jacaraípe, onde tem terreno adquirido (para fazer uma estação de tratamento). Faria tratamento e, depois de tratado, vai para o emissário submarino. Faria um píer, com uma tubulação e, de lá, lançaria a cerca de um quilômetro dentro do mar", explica.









Projetos similares em vários locais do Brasil




Os emissários submarinos são uma solução de saneamento conhecida e utilizada em vários pontos da costa brasileira. No litoral de São Paulo, por exemplo, há oito deles instalados. O maior deles, em Santos, atende a uma população de mais de 1,4 milhão de pessoas.


Já no Rio de Janeiro, quase 40% dos dejetos coletados pela  Cedae (companhia de saneamento carioca) vão para o mar pelos emissários da Barra e de Ipanema.


No Espírito Santo há uma estrutura do tipo, porém bem pequena. Ela fica em Guarapari, e atende à estação de tratamento de Olaria.




Custos e prazos




Como o projeto ainda está sendo estudado, ainda não foi feito o levantamento dos custos. Porém, a expectativa é de que a solução completa envolvendo o emissário submarino seja mais custosa do que a anteriormente prevista no contrato.


Também não há informações sobre quem vai arcar com esse custo extra, que não era previsto no início da PPP. De todo modo, qualquer que seja o arranjo financeiro, ele precisará de aprovação do Tribunal de Contas do Espírito Santo.


Outro ponto em relação ao emissário submarino é que será necessária uma licença ambiental do Ibama e um estudo de impacto ambiental bem mais robusto.


Segundo Couzi, a previsão é de que até junho do ano que vem a Cesan possa protocolar o pedido junto aos órgãos ambientais e também iniciar as tratativas com a sociedade civil. A obra em si, ainda de acordo com previsão da companhia, deveria ficar pronta no fim de 2025.


FONTE: https://www.agazeta.com.br/es/cotidiano/cesan-estuda-megaobra-para-lancar-esgoto-tratado-da-serra-no-mar-0623

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